Que seja Doce!!!

Estou me confundindo, estou me dispersando.
Todas essas coisas de que falo agora - as particularidades dos
dragões, a banalidade das pessoas como eu -, só descobri depois. Aos poucos, na ausência dele, enquanto tentava compreendê-lo. Cada vez menos para que minha compreensão fosse sedutora a ponto de convencê-lo a voltar, e cada vez mais para que essa compreensão ajudasse a mim mesmo a. Não sei dizer. Quando penso desse jeito, enumero proposições como: a ser uma pessoa menos banal, a ser mais forte, mais seguro, mais sereno, mais feliz, a navegar com um mínimo de dor. Essas coisas todas que decidimos fazer ou nos tornar quando algo que supúnhamos grande acaba, e não há nada a ser feito a não ser continuar vivendo.Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as
janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce.
Algumas anotações em volta, tomadas há muito tempo, o
guardanapo de papel do bar, com aquelas palavras sábias que não
parecem minhas e aquelas outras, manchadas, que não consigo ou não quero ou finjo não poder decifrar. Os dragões não querem ser aceitos. Eles fogem do paraíso, esse paraíso que nós, as pessoas banais, inventamos - como eu inventava uma beleza de artifícios para esperá-lo e prendê-lo para sempre junto a mim.
Os dragões não conhecem o paraíso, onde tudo acontece perfeito
e nada dói nem cintila ou ofega, numa eterna monotonia de pacífica falsidade.
Seu paraíso é o conflito, nunca a harmonia.


(Trecho de Os dragões não conhecem o paraíso)
Caio F. Abreu.

Eu e minha recordações de Sal...

Algumas vezes me pego imersa em lembranças que só me fazem mal. Vejo-me lembrando nós [se é que “nós” existiu]. Lembrando do seu sorriso bobo, quando falávamos algumas de nossas muitas tolices...Sentindo falta da combinação perfeita do cheiro da sua pele misturado ao perfume caro que eu tanto adorava, e que, para mim se transformava em uma droga muito potente...
            É ridículo, mais sinto falta até do gosto do cigarro de menta que você fumava combinado ao malte amargo da cerveja, com que você se embriagava na mesa do bar  vagabundo e tantas vezes freguentado., que era o começo das nossas noites de sexta, e do nosso infinito fim de semana.
            Odeio ter que admiti que você me faz falta, e ficar  lembrando nossas conversas toscas, sua observações quase sempre fora do comum,  seus gestos de desejo, suas palavras de quase carinho  e tudo mais nosso...
Lembro até dos gestos mais bobos que só você fazia e que quando os vejo em outras pessoas parecem me trazer você de volta, de algum modo. Odeio ter que ir novamente  nos lugares que lembram a nós dois, acho que só vou até lá pra reviver algo que não existe mais... Recordar situações tolas, e os beijos, que hoje vejo que talvez foram mentirosos, mais  profundos ,beijos  que nos tiravam de orbita, que nos tiravam da li, por poucos e eternos minutos.
            Admito não precisar de ti para viver, mas confessor que por algum tempo cometi a loucura de te querer. Hotar o que me era dado. Sem ir além, compreende? “Não queria pedir mais do que você tinha,   Lembro da sensação de bem estar, de paz que me invadia o sorriso toda vez que repetíamos um ao outro o nosso tantas vezes pronunciado e dissimulado eu te adoro...
            Fico tentando entender esse meu bem querer caricato, porque é totalmente sem sentido...Quem seria tão excêntrico a ponto de amar algo que não existe, algo que foi mais fantasia do que realidade, algo que foi QUASE desenhado pra não dar certo, algo que foi apagado antes de deixar marcas. Acho que só eu, na minha excentricidade trivial sou capaz de adorar o absurdo...

Ouvindo:

[Black - Pearl jam] nem sei porque ainda ouço essa musica, acho que estou virando masoquista...
Refrão de um bolero –Engenheiros [Tentando achar os significados que te faziam lembrar- me na letra dessa musica]
Vai - Ana Carolina [ Essa música coube perfeitamente ao nosso fim]

Colcha de Retalhos.



Depois de ler por infinitas vezes, as verdades transparentes a mim dos livros de Caio, resolvi tecer uma colcha de retalhos com alguns trechos dos seus livros...São trechos de livros e contos diferentes, mas que quando atrelados um ao outro tornam-se muito pertinentes a os meus devaneios.


"... Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim, do meu modo claro.

Não sei se em algum momento cheguei a ver você completamente como Outra pessoa, ou, o tempo todo, como uma possibilidade de resolver minha carência. Estou tentando ser honesto e limpo. Uma Possibilidade que eu precisava devorar ou mesmo destruir.

Confesso ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis. Meu coração ta ferido de amar errado. To exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com mais ninguém."

Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. "

Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?

E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói.

No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não idealizo. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá -las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto."

Fragmentos.



 

Parece que tudo que ainda estava em pé ruiu em "trocentos" pedaços minúsculos e barulhentos.

Sabe ? acho que estava precisado dessa sacudida de realidade, acho que estava vivendo de algo que não existia, por isso não estava vivendo, estava só olhando a vida acontecer...
Tão paradoxal, eu quase sempre tenho ficando assim.

Dividida entre o certo e o ridículo...

Foi melhor assim, a dose de realidade foi precisa o bastante

Para me arrancar do quarto de ilusões tolas, onde tinha me trancado.

Fragmentos... Foi nisso que a vida se tornou...

Um pedaço de qualquer coisa pra viver, pra sorrir, pra chorar...
[...]

“...Sobre a dor das palavras não ditas e das lágrimas não choradas...”



P.S: Eu preferia viver sem ter você na minha história. Seria muito menos caótico para os meus pensamentos.

Bem-Vindos!!!

Bem-vindos Todos.
Bem-vindos a exteriorização de minha imaginação tosca , bem-vindos ao palco dos meus sonhos um tanto desvairados, das minhas ilusões apodrecidas, das emoções sabiamente contidas ou insanamente exibidas, das palavras pensadas e não ditas, das ditas e arrependidas ou aliviadas.
Bem-vindos ao teatro dos meus devaneios, dos meus desejos docemente revelados pelas entrelinhas, e claro, pelas palavras aqui registradas e entregues.
Sejam todos bem-vindos. Mais devo advertir, podem não gostar de assistir ao espetáculo triste apresentado neste palco de desilusões...Pois até o presente momento a peça em cartaz ainda é essa.
Mas não escreverei aqui só as minhas anotações tristes, retratarei também as coisas belas desta vida, meus milagres pessoais, minhas alegrias singelas e tantas outras coisas a qual possa me encantar. Como olhar o pôr-do-sol numa tarde de verão, descobrir uma boa musica com um amigo, apreciar um bom vinho ou mesmo uma boa cerveja, ou mesmo ter uma dia lindo, mesmo estando quietinha no meu quarto, ouvindo minhas musicas velhas e lendo meus livros já lidos...
Wanessa Santos.
13/10/09.


"...Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
O que confesso não tem importância, pois nada tem importância.
Faço paisagens com o que sinto.
De resto, com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo...
Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter..."
(Mais uma vez...Caio Fernando Abreu)